terça-feira, 6 de março de 2007

A Saga de Paulo Otávio

Paulo Otávio era um cara bacana. Camarada, diga-se de passagem. Alto, moreno, olhos claros, um tipão. Tinha gente que dizia que ele era loiro, um loiro dourado, mais para o castanho claro, meio cafajeste, um olhar canalha. Outros diziam que ele se parecia com o Steven Seagal, Bruce Lee, uma coisa mais japa. Japa ou uruguaia, ou melhor, uruguaio. Aliás, de uruguaio ele não tinha nada, podia até arrastar um pouco pro castelhano, mas diziam mesmo que era descendente de paraguaio. Mas será que era verdade?

De qualquer forma, nunca ninguém soube ao certo de onde ele veio. Nem de onde veio, nem para onde vai. Nem com quem anda, com que dormiu ontem, nem por onde esteve no último lançamento do livro de Paulo Coelho. Aliás, Paulo Coelho era seu autor favorito. Autor e guru, com quem passava horas a fio conversando pelo telefone quando se sentia deprê após assistir ao Extreme Make Over todos os domingos.
Parece que ele tinha uma vontade louca de mudar algo nele, não sei se era o nariz ou os olhos, talvez um pouco de barriga, ou quem sabe a casa dele e até o jeito de se vestir. Na verdade acho que ele começou a se influenciar muito pelos seriados da Sony e Warner, pois não falava nada mais além de troca de esposas, cobras venenosas e casais de lésbicas. O que não seria nada mal para ele, que tinha dupla personalidade.

Mas no fundo, no fundo, Paulo Otávio era uma boníssima persona. Queria mesmo era encontrar a mulher ideal, aquela que gostasse de homens e mulheres, aquela que quisesse se casar e ter quatro filhos com ele, que fosse meio-terra-meio-ar, meio budista meio guerrilheira, metade homem, metade mulher. Sim, o lado gay de Paulo Otávio era lésbico, por isso essa tendência quase homossexual lhe incomodava tanto. Tanto ele quanto seu psicanalista.

De qualquer forma, Paulo Otávio sempre estava por perto quando não era chamado, mas nunca aparecia quando chamavam por ele, nem mesmo quando ganhou uma viagem para Guadalajara após ter adquirido um produto da AMWAY.
- Ei? Você aí? Você viu o Paulo Otávio?
- Não. Onde?
- Espera um pouco...
Pronto, lá foi ele de novo. O cara, o Paulo Otávio passou e ninguém viu. Nem eu, nem o Coelho, o senhor Paulo. Aliás, me dá um autógrafo?

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